segunda-feira, 20 de julho de 2009

História do boneco 1

Oi gente,

tudo bem com vocês?
Para quem esteve presente nas dinâmicas aqui na 141, postarei as histórias dos bonecos.

Enjoy! :o)

Bjs.

Segue a primeira:




Joaquim, Objetivos Que Constroem Um Grande Futuro

30 de junho de 1977, ouve-se um pequeno choro, saído da sala 141. As luzes, o fundo branco e o uniforme laranja usado pelas enfermeiras do hospital Soho Square naquele dia, confundiam a mulher cansada, que chorava e sorria ao mesmo tempo.
Maria do Amaral Salgado era o nome da mulher que acabara de parir a criança que, mais tarde, chegaria a um futuro brilhante. Futuro esse que ninguém jamais imaginaria tampouco acreditaria.


A noite era fria, nuvens cinzas cobriam o céu, anunciando a chuva que logo veio mansinha como uma garoa, transformando-se minutos depois em tempestade. Era possível ver de dentro da sala 141 os clarões causados por raios, enquanto eu, o pequeno Joaquim, chorava ao ser limpo por uma das enfermeiras.

Durante toda minha infância, brinquei e corri com meus vizinhos pelas ruas de Taquaral, minha pequena cidade, localizada a aproximadamente 400 km da capital. Não chegava a ter 3000 habitantes. Brincávamos e conversávamos muito, mas sempre fazendo planos para o futuro, sonhávamos em viver em uma metrópole, como aquela das quais os grandes homens do bairro comentavam.

Ainda nessa mesma época, costumava visitar meu tio, empresário em Ribeirão Preto. Sempre que lá chegava era bombardeado de notícias sobre a cidade e o mundo, lembro-me como se fosse ontem das revistas que lia e que me inspiravam. A lembrança mais marcante estava em uma edição de março de 1987, que mostrava a fotografia de um rosto feminino, olhos da cor do mar, pele morena como canela e longos cabelos castanhos. A garota era um mistério, uma musa que por muito tempo desejei encontrar. Não sabia seu nome ou qualquer outra informação pertinente a seu respeito, mas tinha gravado na mente o olhar profundo que aparecia estampado no comercial da revista.

Passados alguns anos estava eu e meus amigos, numa bela tarde de domingo, a empinar pipa na pracinha de Taquaral quando, de repente, o sol se escondeu, nuvens escuras dominaram o céu e uma forte tempestade teve início.

Raios e trovões puseram-se a cair feito chuva e quando estávamos em direção ao abrigo, um raio atingiu-me diretamente. Por alguns minutos fiquei estendido no chão e achei que a hora de partir havia chegado. Meus amigos me abraçavam em grande desespero, tentando ao mesmo tempo conseguir ajuda. Cheguei ao hospital da cidade vizinha completamente inconsciente e, como por um milagre divino, após exatamente uma hora e 41 minutos acordei para a vida. Os médicos nada diagnosticaram.

Porém um ano mais tarde, as sequelas começaram a surgir. Meus membros superiores e inferiores do lado esquerdo sofreram um grande inchaço que, mesmo após vários tratamentos, não sumiu por completo.

Depois disso, por incrível que pareça, comecei a ter ideias e mais ideias e para todos os problemas mostrava a solução. Mas meu grande “poder” estava por vir, era a tal persuasão. No entanto, só fui descobrir sua real função, quando comecei a me deparar com algumas dificuldades e situações.

Um dos maiores obstáculos de minha vida foi, sem dúvidas, a escolha de uma profissão. Filho de agricultor, já tinha um plano de carreira traçado pela família, que incluía a hospedagem na casa do tio em Jaboticabal até concluir a graduação.

O grande sonho de conhecer a metrópole continuava vivo e quando meu melhor amigo disse que faria uma viagem para a capital, não pude deixar de agarrar a oportunidade com toda a força. Na semana seguinte saímos em direção a São Paulo. Cinco horas mais tarde começou um sonho, o qual vivo até os dias de hoje.

A imagem dos prédios encantou-me de forma inexplicável! Tudo o que se passou diante de meus olhos tornou-se parte de uma memória indelével, pois nesse mesmo dia descobri qual seria a carreira profissional a seguir e me convenci de que encontraria minha musa inspiradora.
Foi andando pelo centro da cidade que avistei um cartaz inusitado promovendo a venda das balas Juquinha. Segurando um saco de balas, lá estava ela, dona da pele canela e dos olhos azuis que haviam me encantado em 1987: a menina dos meus sonhos de infância, agora já era uma perfeita donzela.

Com a imagem da moça em minha mente e a convicção de que a encontraria na cidade, continuei minha jornada pela capital e fui visitar alguns museus. Em um deles, no qual havia uma exibição sobre mídia, encontrei meu anjo da guarda, que mais tarde seria meu professor. Começamos a conversar por mero acaso e ao falar de meus interesses, ele contou sobre o curso de graduação no qual lecionava. Ofereceu-me então para conhecer a universidade. Fui e quando lá coloquei os pés, sabia que estava no caminho certo.

Com lágrimas nos olhos e o coração apertado, tive que voltar para Taquaral e logo que pisei na cidade, senti que não era mais o meu lugar. Tinha uma musa a encontrar e uma graduação a cursar.

Foi aí que apareceu meu super poder de persuasão. Ao tentar conversar com meus pais e mostrar a eles que o meu futuro estava em São Paulo consegui, de forma clara e eficaz, convencê-los a aceitar a situação.

Antes de partir, meu pai me deu de presente um cinto bem esquisito, ele disse que somente eu poderia descobrir os segredos que o objeto trazia e que para isso, deveria aguardar o momento certo.

O começo da nova vida, como de costume, foi difícil. Morava no pensionato da Dona Clotilde, longe de qualquer luxo ou regalia, com a ajuda financeira de meus pais. Apesar das dificuldades, me virava na medida do possível e, logo depois de uma semana, já estava vendendo balas Juquinha no centro da cidade.

Estudava todas as noites e trabalhava durante as manhãs e tardes. Já no segundo ano de graduação, consegui uma entrevista, indicado por um colega de meu professor, em uma grande agência de comunicação.

Nunca havia sentido tamanho nervosismo. Ao abrir o armário para pegar minha gravata, vi que algo havia caído no chão: era o tal o cinto estranho. Senti que talvez fosse a hora de descobrir seu segredo e o vesti para ir à entrevista. Ao colocá-lo, a fivela do cinto abriu-se, reluzindo uma luz muito forte, onde lia-se o número 141. Era a combinação que me acompanhara por toda a vida, entendi então que meu destino poderia ser traçado naquele momento.

A entrevista foi um sucesso e ao dar o último passo para sair da sala, avistei um par de olhos azuis. Sim, era ela!

Tremia muito e quase desmaiei ao ver que os olhos vinham em minha direção. “Parabéns”, disse uma voz delicada e feminina. Agradeci solenemente e foi aí que meu novo chefe me apresentou sua filha Laila, convidando-me para um almoço de comemoração.
Depois de muito celebrar, fui conversar com Laila e não pude deixar de contar minha história dos tempos de criança. Ela sorriu e se divertiu.

Sorriso para cá, sorriso para lá, muita conversa... passaram-se três meses e começamos a namorar.

Foi a Laila, na realidade, quem mais me ajudou nessa jornada toda. Antes de conhecer a “musa inspiradora” não acreditava, muito, em amor. Com ela a vida ganhou um sabor diferente, mais adocicado, leve.

Meu nome é Joaquim do Amaral Salgado e hoje, dez anos mais tarde, sou vice-presidente de uma das maiores agências de publicidade da América Latina. Gosto de passear pelo centro da cidade, visitar museus e em breve levarei meu filho para conhecer os parques da cidade e comer bala Juquinha.

Consegui chegar onde sempre quis e sinto muito orgulho disso! Mas tenho consciência de que não foi sozinho. E é por isso que escrevo essa carta autobiográfica, em agradecimento a todos os que contribuíram em minha jornada: obrigado a meus pais, por darem o pontapé inicial para minha construção como pessoa. Obrigado a meus amigos, que me apoiaram, me dando o suporte necessário, e ajudaram na construção de minha personalidade. Saibam que vocês foram como meus pés, me fornecendo apoio; minhas pernas, não deixando que eu caísse; meus olhos, permitindo enxergar; minha coluna, sustentando tudo, sem desmoronar.

A vida oferece destinos e jornadas, mas a escolha para alcançar aquilo que idealizamos cabe somente a nós. Deixo aqui meus sinceros votos a todos meus queridos. Sem vocês eu não existiria!

Joaquim do Amaral Salgado

Um comentário:

  1. OIEEEE


    HISTÓRIA DA MINHA DINÂMINA UHUUL,

    que honrra, pena que eu nao fui chamada !
    Mariama, Cristiano, Parabéns !!


    E para os outros ...

    Feliz dia do Amigo ***

    Beijos.

    Yasmin Scapin

    ResponderExcluir